Guarda Costeira dos EUA afirma que escombros encontrados no fundo do oceano “são consistentes com a implosão do submarino” Titan. Autoridades confirmaram a morte dos 5 passageiros a bordo.
O porta-voz da Guarda Costeira dos EUA, John Mauger, disse nesta quinta-feira (22) que os escombros encontrados no fundo do oceano “são consistentes com a implosão do submarino” Titan, que levava turistas ao naufrágio do Titanic.
A morte dos cinco passageiros foi confirmada pelas autoridades e pela empresa OceanGate, responsável pela cápsula. Um som compatível com o da implosão foi captado poucas horas após o submarino mergulhar no Atlântico Norte no domingo (18).
Mas o que é implosão?
Implosão é o que ocorre quando um objeto, uma estrutura ou um edifício colapsa ou desmorona em direção ao seu centro. É o oposto da explosão, na qual a força que leva à destruição é liberada para fora a partir do centro do objeto.
Em 2017, o submarino argentino ARA San Juan, que desapareceu e demorou 1 ano para ser encontrado, também “implodiu” no fundo do mar.
À época, a Marinha da Argentina disse que o casco permaneceu bastante intacto, apenas com algumas deformações, e que todas as outras partes se desprenderam.
A implosão ocorreu em razão da pressão externa do mar ter superado a de dentro do submarino.
O cenário provável no submarino Titan
Ainda não se sabe qual o motivo que levou à implosão do submarino Titan, mas é sabido que, quando um submarino mergulha, a pressão da água aumenta progressivamente.
Tradicionalmente, esses veículos são projetados para suportar a pressão da coluna d’água: são construídos com cascos reforçados e materiais resistentes.
Entretanto, Thiago Pontin Tancredi, professor do curso de engenharia naval da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e supervisor do laboratório de simulação naval, explica que o Titan era feito de fibra de carbono e titânio, dois materiais sobre os quais há pouco estudo sobre como se comportam quando sujeitos a várias pressões diferentes.
Segundo Tancredi, um dano na estrutura do casco é uma das causas possíveis da implosão.
“Quando submerge e emerge, [o submarino] vai acumulando danos. Não é porque fez a missão uma vez que é seguro. Fazer a missão uma vez significa que ele estava bem dimensionado, mas vai acumulando amassados e trincas, o que pode levar a uma falha estrutural”, afirma Thiago.
Um elefante a cada 25 cm quadrados
O professor de engenharia naval afirma que a pressão exercida em um submersível a 3,8 mil metros de profundidade é equivalente a um elefante apoiado em cada pedaço de 5 x 5 centímetros (25 centímetros quadrados) do casco.
Se a pressão externa exceder a resistência da estrutura, isso causa um desequilíbrio de pressão dentro e fora do casco, resultando em um colapso súbito da estrutura.
A implosão ocorre justamente quando a pressão da água esmaga o casco do submarino, comprimindo-o para dentro. Ainda de acordo com o professor e engenheiro naval Thiago Pontin, um pequeno amassado no casco, ainda que represente algo em torno de 2% de toda a sua superfície, é suficiente para reduzir a profundidade máxima de operação de um submarino em 50%