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Médico explica detalhes de morte de jovem brasileira que caiu em trilha de vulcão: ‘Falência’

Juliana Marins: O Que Realmente Matou a Jovem Brasileira no Vulcão Rinjani? Entenda os Fatores Fisiológicos

Após quatro dias de buscas angustiantes e mobilização internacional, o desfecho do desaparecimento de Juliana Marins, de 26 anos, foi confirmado nesta terça-feira (26). O corpo da jovem brasileira foi encontrado sem vida em uma altitude entre 2.600 e 3.000 metros, em uma das regiões mais hostis do Monte Rinjani, na Indonésia.

O que era para ser uma trilha de aventura se transformou em uma das histórias mais trágicas e chocantes dos últimos tempos — e agora, especialistas tentam entender exatamente o que levou Juliana à morte em tão pouco tempo.

O Corpo Foi Encontrado em Ambiente Extremamente Hostil

Juliana foi localizada por equipes de resgate locais após dias desaparecida em uma trilha famosa entre turistas, mas perigosíssima em clima instável. O local era de acesso extremamente difícil, com temperaturas baixíssimas e vegetação densa. O cenário indicava que Juliana havia resistido bravamente, mas seu corpo já não suportava os impactos.

Segundo relatos, ela estava sozinha, sem abrigo, sem água ou alimento, e havia sofrido uma queda significativa. Ainda assim, acredita-se que ela tenha sobrevivido ao impacto inicial, enfrentando o ambiente sozinha por dias até o colapso completo de seu corpo.

Especialista Explica o Que Pode Ter Acontecido com o Corpo de Juliana

Em entrevista, o médico Dr. Wandyk Allison detalhou os possíveis fatores que, juntos, formaram uma sequência letal. Segundo ele, a jovem foi submetida a uma série de agressões fisiológicas sucessivas que, combinadas, tornaram impossível a sobrevivência.

Entre os principais elementos destacados pelo especialista estão:

  • Desidratação severa

  • Hipoglicemia (baixa de açúcar no sangue)

  • Hipotermia por frio extremo

  • Hipoxia (falta de oxigênio em alta altitude)

  • Possível falência múltipla dos órgãos

“O corpo humano tem defesas naturais, mas não suporta esse tipo de estresse por tanto tempo, especialmente em um ambiente tão adverso”, afirmou o médico.

Como a Desidratação Afeta o Corpo em Situações Extremas

Um dos primeiros impactos é a desidratação intensa. Sem água por longos períodos, o sangue se torna mais viscoso, dificultando a circulação e afetando diretamente os rins. Isso obriga o organismo a liberar mais hormônio antidiurético (ADH), sobrecarregando ainda mais os órgãos internos.

Esse processo inicia um efeito cascata, reduzindo a função renal e cardíaca, além de comprometer a estabilidade do metabolismo — especialmente em situações de esforço físico e clima hostil, como no caso de Juliana.

Jejum Prolongado e Frio: Combinação Letal

Sem alimentação adequada, o corpo entra em estado de jejum forçado. Nas primeiras 24 a 48 horas, ele tenta usar as reservas de glicose. Quando elas se esgotam, começa a metabolizar gordura e massa muscular, o que gera um estado de catabolismo e grande desgaste.

Em temperaturas baixas, esse desgaste se intensifica. O corpo entra em hipotermia, uma queda progressiva da temperatura corporal, que provoca tremores, confusão mental, alterações no ritmo cardíaco e, em casos graves, parada cardíaca.

“Ela enfrentou frio extremo por dias, com o metabolismo em colapso. É como se o corpo fosse sendo desligado aos poucos”, explicou o especialista.

A Altitude Foi Mais Um Fator de Risco Grave

A partir dos 3.000 metros de altitude, a quantidade de oxigênio disponível no ar é muito inferior à do nível do mar. O corpo reage tentando respirar mais rápido (hiperventilação), o que causa sobrecarga nos pulmões e no coração. Isso pode levar a edema pulmonar, tonturas, perda de consciência e até falência cerebral por hipoxia.

Em situações prolongadas, o cérebro começa a apresentar sinais de confusão mental, delírios e alucinações. A vítima entra em um estado de vulnerabilidade total — tanto física quanto cognitiva.

Uma Morte Evitável, Uma Lição Dolorosa

O caso de Juliana Marins comoveu o Brasil e o mundo. Jovem, corajosa, apaixonada por viagens e trilhas, ela buscava viver intensamente — e encontrou o abandono, sozinha, no alto de uma montanha. A combinação de fatores como falta de suporte, clima severo e demora no resgate tornou sua morte uma tragédia anunciada.

Nas redes sociais, amigos e familiares prestaram homenagens emocionadas, relembrando sua força, seus sonhos e sua alegria de viver.

A história de Juliana é, acima de tudo, um alerta urgente: o turismo de aventura exige responsabilidade, preparo e protocolos reais de segurança. Que sua luta não tenha sido em vão.

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