Câncer no reto é raro Pode Surgir na Vida Das Mulheres Que Praticam Se…Ver mais

Câncer que vitimou Preta Gil tem altas chances de cura, mas cresce entre jovens: alerta para prevenção precoce
A morte da cantora e empresária Preta Gil, aos 50 anos, vítima de um câncer colorretal, trouxe à tona uma realidade preocupante e, ao mesmo tempo, pouco discutida: o aumento de casos dessa doença entre pessoas jovens. Embora o câncer colorretal ainda seja mais prevalente em indivíduos com mais de 50 anos, os dados mais recentes mostram uma tendência preocupante de crescimento em faixas etárias mais baixas.
Casos entre jovens dobram em duas décadas
Um relatório da Sociedade Americana de Câncer, divulgado em 2023, revelou que 20% dos diagnósticos de câncer colorretal feitos em 2019 ocorreram em pessoas com menos de 55 anos. Em 1995, essa proporção era de apenas 11%. Ou seja, o número praticamente dobrou em pouco mais de duas décadas, mostrando que a doença está, cada vez mais, atingindo adultos jovens — muitos dos quais nem imaginavam estar em um grupo de risco.
Essa mudança no perfil dos pacientes já levou a alterações importantes nas recomendações médicas. Nos Estados Unidos, por exemplo, a idade indicada para iniciar o rastreamento do câncer colorretal foi reduzida de 50 para 45 anos. A medida foi tomada com base em evidências de que os diagnósticos em estágios mais avançados também aumentaram entre os mais jovens. A mesma tendência foi observada em diversos países europeus, gerando discussões globais sobre prevenção e detecção precoce.
Situação no Brasil também preocupa
No Brasil, ainda que os dados sejam mais limitados, as pesquisas apontam para uma situação semelhante. Entre os anos 2000 e 2017, foi registrado um aumento significativo de casos de câncer colorretal entre homens de 20 a 49 anos, conforme análise do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Embora a incidência entre mulheres na mesma faixa etária não tenha crescido na mesma proporção, os especialistas já tratam o fenômeno como um alerta importante para mudanças no acompanhamento da saúde de jovens adultos.
Apesar de o número absoluto de casos ainda ser menor entre os mais jovens, o crescimento estatístico é consistente. Isso levanta uma questão crucial: por que a doença está aparecendo tão cedo?
Alimentação, estilo de vida e fatores genéticos
A ciência ainda busca respostas definitivas para esse fenômeno. No entanto, pesquisadores já apontam algumas possíveis causas: a crescente exposição a alimentos ultraprocessados, o sedentarismo, a obesidade, o consumo excessivo de álcool e o tabagismo são fatores de risco que têm se tornado cada vez mais presentes no cotidiano das gerações mais novas.
Além disso, há também a suspeita de que fatores genéticos e alterações no microbioma intestinal (as bactérias do sistema digestivo) possam ter um papel importante no desenvolvimento precoce da doença. Segundo especialistas, é preciso que a sociedade passe a discutir o tema com mais seriedade, inclusive com campanhas de conscientização voltadas para o público jovem, que muitas vezes não se sente vulnerável a esse tipo de enfermidade.
Diagnóstico precoce salva vidas
Apesar das estatísticas preocupantes, há uma boa notícia: o câncer colorretal tem altos índices de cura quando diagnosticado no início. “Quando esse tumor é detectado precocemente, as chances de cura ultrapassam os 95%”, afirmou o oncologista clínico Paulo Hoff, presidente da Oncologia D’Or, em entrevista ao g1. Isso significa que o diagnóstico rápido e o acesso a exames de rastreamento são fundamentais para reverter o cenário.
Exames como a colonoscopia e o teste de sangue oculto nas fezes são os principais métodos para detectar a doença ainda em sua fase inicial. No entanto, no Brasil, o acesso a esses procedimentos ainda é limitado para grande parte da população. Por isso, entidades médicas reforçam a necessidade de ampliar políticas públicas de rastreamento, principalmente entre pessoas que apresentam histórico familiar da doença ou sintomas como sangramento nas fezes, alterações intestinais persistentes e perda de peso sem explicação.
Legado de conscientização
A morte de Preta Gil representa uma perda irreparável para a música e a cultura brasileira, mas também carrega um impacto simbólico importante. Ao compartilhar publicamente sua batalha contra o câncer, ela ajudou a dar visibilidade a uma doença que, muitas vezes, é cercada por tabu e silêncio. Seu legado pode agora inspirar ações de prevenção e cuidado, especialmente entre aqueles que nunca se imaginaram em risco.
Fica o alerta: o câncer colorretal não escolhe idade — e a informação continua sendo uma das armas mais poderosas para vencê-lo.