Moraes volta atrás e diz que a partir de agora Bolsonaro será… Ver mais

Moraes recua e libera visitas familiares a Bolsonaro em prisão domiciliar
Em meio à crescente tensão entre os Poderes, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta quarta-feira (6) que o ex-presidente Jair Bolsonaro receba visitas de familiares sem necessidade de aval prévio da Corte. A decisão representa um recuo parcial em relação à medida adotada dois dias antes, que restringia qualquer contato — salvo com advogados — sem autorização expressa. A flexibilização ocorre em paralelo à ocupação inédita do Congresso por parlamentares da oposição, em protesto contra a prisão do ex-presidente.
Publicações em redes sociais motivaram prisão domiciliar de Bolsonaro
A prisão domiciliar foi decretada na segunda-feira (4), após o ministro avaliar que Bolsonaro descumpriu medidas cautelares estabelecidas desde julho. Segundo Moraes, o ex-presidente usou as redes sociais de seus filhos para divulgar vídeos com conteúdo ofensivo ao Supremo e apelos por interferência internacional no Judiciário brasileiro. A atitude, segundo o magistrado, caracterizou uma violação direta das ordens judiciais, resultando na adoção de medidas como tornozeleira eletrônica e isolamento de comunicação.
Vídeo removido por Flávio Bolsonaro gerou suspeita de tentativa de ocultação
Entre os episódios citados por Moraes está um vídeo divulgado no domingo (3) no perfil do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), onde o ex-presidente aparece discursando a apoiadores em um ato no Rio de Janeiro. A postagem foi deletada horas depois, o que, para o ministro, evidencia a tentativa deliberada de “ocultar a transgressão legal”. No despacho, Moraes apontou que a exclusão do conteúdo demonstraria que o próprio filho do ex-presidente tinha ciência da infração cometida.
Ocupação no Congresso aumenta pressão e paralisa trabalhos legislativos
Desde a noite de terça-feira (5), parlamentares da oposição ocupam os plenários da Câmara e do Senado em protesto. A mobilização impediu o andamento das sessões e foi classificada como um ato de resistência institucional. Deputados e senadores revezam-se nas cadeiras principais e exigem respostas do STF, agravando o impasse político. A ação ganhou notoriedade e colocou em suspenso os trabalhos legislativos, revelando o potencial de desgaste institucional.
Oposição apresenta “pacote de paz” com críticas ao STF e foco em anistia
Em coletiva, os parlamentares oposicionistas anunciaram um conjunto de propostas denominado “pacote de paz”. As principais demandas incluem o perdão aos condenados pelos atos de 8 de janeiro, o fim do foro privilegiado e o impeachment de Moraes. A pauta foi recebida com reservas por lideranças do Congresso, que buscam agora mediar o conflito. A amplitude das exigências sinaliza que a crise extrapola o caso Bolsonaro e coloca em xeque o atual equilíbrio entre Judiciário e Legislativo.
Crise testa os limites do equilíbrio democrático no Brasil
A liberação das visitas familiares a Bolsonaro pode ser vista como um gesto de distensão, mas não resolve o conflito central: o embate direto entre o STF e aliados do ex-presidente. A tensão política reflete disputas sobre autoridade institucional, interpretação constitucional e legitimidade democrática. Para analistas, o episódio evidencia o papel persistente de Bolsonaro como catalisador de polarizações no país, mesmo fora do cargo. A dúvida que permanece é se as instituições resistirão à pressão ou cederão à turbulência política em curso.