Críticas de Flávio Bolsonaro ao STF ganham novo fôlego após entrevista
A entrevista concedida pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à rádio CBN Recife, nesta segunda-feira (8), reacendeu um debate que há anos permeia a política brasileira: a relação tensa entre o Supremo Tribunal Federal e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ao longo da conversa, Flávio adotou um tom firme, reforçando críticas antigas e apresentando novas acusações de parcialidade de integrantes da Corte em processos envolvendo seu pai.
“Primeira Turma do STF é inimiga do Bolsonaro”, diz senador
Logo no início da entrevista, o senador elevou o tom ao afirmar que a Primeira Turma do STF seria composta por “inimigos” de Jair Bolsonaro. Segundo ele, decisões recentes seriam “ilegais”, “arbitrárias” e marcadas por um suposto excesso na atuação dos ministros. Para Flávio, o Tribunal teria ultrapassado limites constitucionais ao se envolver, de maneira que considera desproporcional, em temas relacionados à direita política.
O senador destacou que esperava mais “autocontrole” do Supremo, acusando a Corte de interferir no equilíbrio institucional. “Alguma normalidade vai ter que voltar. A gente esperava autocontrole por parte do Supremo, mas isso não veio”, afirmou, em tom de alerta.
Essas declarações refletem um clima que se aprofundou ao longo dos últimos anos, especialmente após investigações que atingiram figuras centrais do bolsonarismo e resultaram em embates frequentes entre o Judiciário e aliados do ex-presidente.
Acusações de parcialidade e pedidos de impedimento
Em um dos momentos mais contundentes da entrevista, Flávio acusou o STF de legislar “em causa própria” e defendeu que alguns ministros deveriam ter se declarado impedidos em processos envolvendo Jair Bolsonaro, devido ao que ele chama de “animosidade evidente”. Para o senador, houve uma espécie de intervenção indevida do Judiciário no campo político da direita, criando um ambiente de desequilíbrio entre os Poderes.
Apesar das críticas duras, Flávio Bolsonaro ponderou que qualquer enfrentamento institucional deve ocorrer com “calma” e sempre respaldado pela vontade popular. A declaração sugere uma tentativa de equilibrar o discurso crítico com a defesa do processo democrático.
2026 no horizonte: maioridade penal, segurança e oportunidades
Ao ser questionado sobre o cenário eleitoral de 2026, Flávio deslocou o debate para uma de suas prioridades: segurança pública. Ele retomou a discussão sobre a redução da maioridade penal, tema historicamente polêmico e que divide opiniões no Congresso e na sociedade.
“Se a gente aprova, como o Supremo vai reagir? Será que vão dizer que é inconstitucional?”, provocou o senador, insinuando que avanços no Legislativo poderiam novamente ser barrados pela Corte.
Além disso, Flávio afirmou ter interesse em aprofundar propostas voltadas à educação, à qualificação profissional e a políticas de prevenção voltadas para jovens em situação de vulnerabilidade. Para ele, muitos jovens hoje não conseguem se inserir no mercado de trabalho, o que alimenta ciclos de criminalidade e desigualdade.
“A pauta do STF se impõe”
O senador disse ainda que o debate envolvendo o STF ocupa espaço excessivo na agenda política, mas argumentou que isso não ocorre por iniciativa da direita. “Não é porque a gente quer, é porque somos obrigados pela realidade”, afirmou, sugerindo que o tema não será utilizado como bandeira eleitoral, mas que se mantém no centro da pauta por conta dos atritos constantes entre Judiciário e Executivo.
Avaliação da segurança pública no Nordeste
Outro tema relevante da entrevista foi a avaliação de Flávio sobre a segurança pública no Nordeste. Segundo ele, estados governados pela esquerda há mais tempo enfrentam índices mais elevados de criminalidade. O senador mencionou situações cotidianas — furtos, roubos e abordagens violentas — como exemplos de um problema que, em sua visão, teria se agravado nas gestões locais.
Para enfrentar esse cenário, Flávio defendeu medidas como reforço da legislação penal, construção de novos presídios e políticas de incentivo para a juventude. Segundo especialistas, no entanto, o tema exige análises mais amplas, que envolvem desde políticas de prevenção até maior integração entre União, estados e municípios.
Repercussão e cenário político até 2026
As declarações do senador repercutiram rapidamente nas redes sociais, gerando reações intensas entre apoiadores e críticos do ex-presidente. Para muitos observadores, a fala de Flávio Bolsonaro indica que o embate sobre o papel do Judiciário, somado às discussões sobre segurança pública, deverá permanecer como um dos eixos centrais da política nacional nos próximos anos.
Com a aproximação das eleições de 2026, temas como a atuação do STF e o combate à criminalidade prometem ganhar ainda mais visibilidade — e, ao que tudo indica, continuam longe de um consenso.
