Temer afirma que Donald Trump pode ajudar Lula nas eleições de 2026

Temer diz que Trump pode virar “cabo eleitoral” de Lula em 2026
Durante um evento realizado em São Paulo nesta semana, o ex-presidente Michel Temer fez uma declaração curiosa e provocadora: para ele, quem pode acabar ajudando Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2026 não é nenhum aliado tradicional do petista, mas sim o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A afirmação, feita em tom meio irônico, gerou repercussão imediata entre lideranças políticas e analistas. Segundo Temer, a postura de Trump em relação ao Brasil pode, mesmo que involuntariamente, fortalecer Lula dentro do cenário nacional.
“O maior cabo eleitoral de Lula é Trump”
Durante seu discurso, Temer explicou que Lula tem histórico de crescer politicamente sempre que levanta a bandeira da soberania nacional diante de pressões externas. E, na visão dele, a maneira como Trump trata o Brasil pode acabar alimentando justamente esse discurso.
Ele relembrou, por exemplo, momentos em que Trump adotou medidas duras contra o Brasil, como a imposição de tarifas sobre produtos brasileiros. Segundo Temer, esse tipo de atitude cria espaço para que Lula se coloque como defensor dos interesses nacionais e da autonomia do país, o que tem forte apelo junto ao eleitorado.
Além disso, Temer também comentou que as críticas recentes de Trump ao sistema judiciário brasileiro, especialmente em relação ao caso envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, podem acabar tendo um efeito contrário ao pretendido: em vez de deslegitimar Lula, reforçam sua imagem como protetor das instituições e do Estado de Direito.
A sugestão: “Lula deveria ligar para Trump”
Em tom de conselho, Temer afirmou que Lula deveria adotar uma postura mais pragmática e estabelecer contato direto com Trump. Para ele, um simples telefonema entre os dois líderes poderia destravar impasses diplomáticos e até reduzir tensões econômicas.
Segundo o ex-presidente, se Lula fizer o gesto e Trump atender, o diálogo poderia abrir espaço para negociações. E, se não atender, Lula ao menos teria mostrado iniciativa, podendo inclusive tornar isso público como forma de prestar contas ao povo brasileiro.
A fala reflete a visão de Temer de que, mesmo com lideranças controversas, o diálogo sempre deve prevalecer na diplomacia — algo que ele próprio diz ter feito enquanto estava no comando do país.
Bastidores da relação com os EUA
Durante o mesmo evento, Temer ainda compartilhou um bastidor de quando era presidente. Em uma reunião com líderes sul-americanos e Trump, o presidente norte-americano teria perguntado diretamente: “Quando vocês vão invadir a Venezuela?”. Segundo Temer, os chefes de Estado responderam que mantinham relações institucionais com o governo venezuelano, embora não concordassem com o regime. Essa resposta, segundo ele, bastou para conter qualquer tensão maior.
Ao relatar o episódio, Temer deu a entender que, muitas vezes, uma postura clara, ainda que diplomática, é suficiente para manter a estabilidade nas relações internacionais — e que isso vale também para o governo atual.
O papel da política internacional nas eleições de 2026
As falas de Temer colocam luz sobre um tema que promete ganhar força até as próximas eleições: o impacto da política externa no jogo eleitoral doméstico. Para o ex-presidente, a maneira como Lula lida com figuras como Trump pode influenciar diretamente sua imagem interna.
Ele acredita que Trump, ao adotar posturas agressivas ou críticas em relação ao Brasil, acaba ajudando Lula a reativar um discurso nacionalista que historicamente lhe rendeu apoio popular. E isso, no fim das contas, poderia transformar o presidente norte-americano em um “cabo eleitoral involuntário”.
Estratégia ou provocação?
A declaração de Michel Temer pode ser lida de diferentes formas. Para alguns, foi uma crítica velada à falta de articulação do atual governo no campo diplomático. Para outros, foi uma provocação calculada, jogando luz sobre as tensões entre o Palácio do Planalto e Washington — especialmente agora que Trump voltou ao poder.
Independentemente da intenção, o fato é que a fala reacende debates sobre o equilíbrio entre pragmatismo e ideologia na política externa brasileira. E, mais do que isso, mostra que, mesmo fora do cargo, Temer segue atento aos bastidores e disposto a influenciar a narrativa política do país.
Conclusão: o tabuleiro está se formando
Com Lula no Planalto e Trump de volta à Casa Branca, o cenário internacional promete trazer novos desafios e oportunidades. A sugestão de Temer sobre a importância do diálogo direto pode parecer improvável, mas traz à tona uma questão importante: até que ponto o Brasil deve manter distância de figuras controversas ou tentar transformá-las em peças estratégicas dentro de um tabuleiro global em constante mudança?
À medida que 2026 se aproxima, a relação entre política externa e disputa eleitoral tende a se intensificar — e cada gesto, cada frase e cada silêncio terão peso dobrado.