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Vídeo: Jair Bolsonaro faz pergunta ousada a Moraes e recebe resposta afiada

Na manhã desta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou aos noticiários com um episódio que mistura política, provocação e constrangimento. Durante seu interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), no processo que investiga uma possível tentativa de golpe, Bolsonaro se dirigiu diretamente ao ministro Alexandre de Moraes com uma frase que chamou a atenção pela ousadia.

Com seu estilo debochado, ele lançou:

— Posso fazer uma brincadeira?

Moraes, sério como de costume, respondeu com frieza:

— Eu perguntaria aos seus advogados antes.

Mesmo diante do clima tenso da sessão, Bolsonaro insistiu:

— Eu gostaria de convidá-lo pra ser meu vice em 2026.

O ministro, impassível, respondeu sem rodeios:

— Eu declino novamente.

Bolsonaro está inelegível até 2030

A fala gerou espanto não apenas pela ousadia, mas também por um detalhe fundamental: Bolsonaro está inelegível até 2030. Ou seja, sequer poderia concorrer em 2026, o que transforma a piada em um gesto ácido — talvez um recado velado ou pura provocação.

A inelegibilidade veio após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) condenar Bolsonaro por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. A decisão teve como base a reunião com embaixadores realizada em julho de 2022 no Palácio da Alvorada, onde o ex-presidente atacou o sistema eleitoral e questionou a segurança das urnas eletrônicas — sem apresentar provas.

Essa retórica, repetida ao longo de seu mandato, contribuiu diretamente para sua exclusão das próximas eleições.

Tentativa de golpe: o processo segue em andamento

O interrogatório faz parte das investigações que apuram se Bolsonaro esteve envolvido em uma tentativa de golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022. O processo tem mobilizado atenção nacional e internacional, com destaque especial para o papel de Alexandre de Moraes como relator e figura central nos embates entre o Judiciário e o bolsonarismo.

Durante a audiência, Bolsonaro ainda tentou apagar um incêndio antigo. Pediu desculpas por uma fala feita em 5 de julho de 2022, durante reunião ministerial, na qual insinuou que integrantes do TSE teriam recebido entre 30 e 50 milhões de dólares para fraudar as eleições.

Era uma retórica. Se fossem outros três ocupantes (do TSE), eu teria a mesma conduta. Me desculpe. Não tinha intenção, disse, visivelmente desconfortável.

“Desagradável estar aqui”, diz Bolsonaro a Moraes

O depoimento foi realizado na sala da Primeira Turma do STF, e apesar do clima de tensão, o ambiente manteve certa civilidade. Em outro momento emblemático, Bolsonaro confessou:

É bastante desagradável estar aqui, frente a frente com Vossa Excelência.

A sinceridade surpreendeu alguns, mas para quem acompanha a trajetória do ex-presidente, é apenas mais uma amostra de seu estilo direto — visto por apoiadores como autêntico e por críticos como irresponsável e provocador.

A relação entre Bolsonaro e Alexandre de Moraes é marcada por trocas de farpas públicas, decisões judiciais impactantes e embates que vêm moldando o cenário político desde 2021.

Bolsonaro fora do páreo, mas ainda no jogo político

Apesar da inelegibilidade, Bolsonaro continua como figura central na direita brasileira. Seu nome segue movimentando a base conservadora, influenciando estratégias partidárias e pautando o debate político.

O interrogatório desta terça-feira mostra que o ex-presidente ainda sabe dominar os holofotes, mesmo diante de situações jurídicas graves. Entre provocações, pedidos de desculpas e momentos constrangedores, Bolsonaro reafirma sua estratégia de se manter relevante.

Enquanto isso, os bastidores políticos seguem agitados. Muitos aliados, mesmo discretamente, já se movimentam para 2026 — buscando espaço no vácuo deixado por sua exclusão formal da corrida eleitoral.

A democracia brasileira no fio da navalha

O episódio escancara mais uma vez o estado frágil da relação entre o bolsonarismo e as instituições democráticas. O STF, frequentemente atacado por aliados do ex-presidente, tornou-se palco recorrente de confrontos políticos com implicações profundas.

A audiência de Bolsonaro é apenas mais um capítulo de uma série que parece não ter fim. A cada nova sessão, o clima de novela política se intensifica, fazendo com que a democracia brasileira opere em modo de alerta permanente.

No final, o interrogatório não trouxe grandes revelações jurídicas, mas deixou claro que o embate entre Bolsonaro e o Judiciário está longe de esfriar. E enquanto o ex-presidente segue fora da corrida, sua presença no cenário político continua, de forma direta ou indireta, a influenciar os rumos do país.

Confira:

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