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Bolsonaro recebe alta e deverá voltar para prisão domiciliar

Internação em Brasília gerou nova onda de preocupação sobre o estado de saúde do ex-presidente

Na tarde da quarta-feira, 17 de setembro, o ex-presidente Jair Bolsonaro deixou o Hospital DF Star, em Brasília, onde estava internado desde o dia anterior. A informação foi confirmada por seu médico de confiança, o cirurgião Cláudio Birolini, que acompanhou de perto os exames e o tratamento do ex-mandatário.

A internação gerou ampla repercussão política e midiática, especialmente após a confirmação de que Bolsonaro foi diagnosticado com carcinoma de células escamosas, um tipo de câncer de pele classificado como de gravidade intermediária.

Diagnóstico: sete lesões na pele e outras complicações

Segundo Birolini, Bolsonaro passou por exames que identificaram sete lesões na pele, das quais duas foram confirmadas como carcinomas. As áreas afetadas ficam na parte anterior do tórax e em um dos braços.

O carcinoma de células escamosas é um tipo de tumor que, embora não seja o mais agressivo, exige atenção médica constante e pode causar complicações se não for tratado de forma adequada. A avaliação do estado de saúde de Bolsonaro, no entanto, não se limitou ao diagnóstico oncológico.

Durante os exames, a equipe médica também detectou anemia e alterações na função renal, com níveis elevados de creatinina, indicativo de possível comprometimento renal. Em nota divulgada pelo senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, foi informado que o quadro clínico apresentou leve melhora após um protocolo de hidratação intravenosa.

Exames neurológicos e sinais de melhora

Além das análises laboratoriais e dermatológicas, Bolsonaro também foi submetido a ressonância magnética do crânio, devido a queixas de tontura e episódios de desequilíbrio. De acordo com o boletim médico, não foram detectadas alterações agudas no exame neurológico, o que afastou, por ora, suspeitas de quadros mais graves relacionados ao sistema nervoso central.

A equipe médica orientou repouso e acompanhamento ambulatorial. Apesar da alta hospitalar, Bolsonaro deverá seguir com exames regulares para monitorar a evolução das lesões cutâneas e o tratamento das alterações sistêmicas.

Internação emergencial e agenda restrita

Jair Bolsonaro deu entrada no hospital no dia 16 de setembro, após apresentar sintomas como tontura, vômitos e queda de pressão arterial. Ele foi acompanhado pela esposa, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, e ficou sob observação contínua por cerca de 24 horas.

Durante o período de internação, o ex-presidente teve a alimentação suspensa e passou por uma bateria de exames. O médico Cláudio Birolini, que é diretor do serviço de cirurgia geral do Hospital das Clínicas da USP, foi até Brasília especialmente para acompanhar o tratamento.

Filho atribui mal-estar a cenário político

Em declaração feita à imprensa, o senador Flávio Bolsonaro sugeriu que o clima político e judicial adverso pode ter influenciado o estado de saúde do pai. Flávio mencionou a recente condenação de Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), como parte de um processo que investiga tentativas de golpe institucional.

“A perseguição está adoecendo meu pai. Isso vai além da política. É desumano. Peço ao ministro Alexandre de Moraes que tenha compaixão e dê uma trégua”, disse Flávio, referindo-se ao ministro do STF, a quem classificou como “terrorista”.

A fala repercutiu entre apoiadores e opositores do ex-presidente, reacendendo o debate sobre os limites da atuação do Judiciário e o impacto das tensões políticas na vida pessoal dos agentes públicos.

Reflexões sobre saúde e política

A internação de Bolsonaro, somada ao diagnóstico de câncer, reacende uma discussão importante: como o ambiente político, altamente polarizado, pode impactar diretamente a saúde física e mental de líderes públicos. O ex-presidente, figura central na política brasileira dos últimos anos, tem enfrentado pressão intensa, tanto no campo jurídico quanto no ambiente midiático.

Para apoiadores, sua recuperação representa um momento de união e resistência. Já para críticos, o episódio é observado sob outra ótica, considerando as múltiplas investigações e denúncias que envolvem seu nome.

Próximos passos e recuperação

Com a alta médica, Bolsonaro deve retomar sua agenda em ritmo moderado. A dúvida que permanece é: qual será o impacto dessa crise de saúde em seu futuro político? Até o momento, ele segue impedido de disputar eleições, mas mantém influência significativa sobre a base conservadora do país.

Analistas apontam que, diante do diagnóstico de câncer e de outros problemas de saúde, o ex-presidente pode optar por uma postura mais reservada nos próximos meses — embora historicamente Jair Bolsonaro tenha demonstrado resiliência e disposição para enfrentar adversidades públicas.

Considerações finais

A saída de Jair Bolsonaro do hospital representa um alívio temporário para seus familiares e apoiadores, mas também um alerta sobre os riscos à saúde enfrentados por figuras públicas sob constante estresse. Mais do que um problema individual, o episódio convida à reflexão sobre o equilíbrio entre saúde e política, em um país onde o debate público frequentemente ultrapassa os limites da institucionalidade.

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