Regina Duarte expõe verdades sobre sua passagem no governo Bolsonaro

Regina Duarte quebra o silêncio e revisita passagem pelo governo Bolsonaro: “Tenho uma história que me sustenta”
A atriz Regina Duarte, um dos maiores ícones da televisão brasileira, voltou ao centro dos debates ao participar do podcast de Cátia Fonseca. Aos 78 anos, ela abriu o coração sobre sua breve e polêmica passagem pela Secretaria Especial da Cultura durante o governo de Jair Bolsonaro, além de compartilhar reflexões sobre televisão, política e legado. A entrevista revelou uma Regina mais crítica, introspectiva e convicta de suas escolhas.
Uma decisão relâmpago e um mergulho no universo político
Em março de 2020, Regina aceitou o convite de Bolsonaro para assumir a Secretaria da Cultura. A decisão foi tomada em apenas dois dias, e ela admite que não estava preparada para a missão. Apesar da inexperiência, considera a vivência transformadora por ter lhe permitido enxergar os bastidores do poder. “Foi importante para a minha vida ver como funciona o jogo político, o tal ‘chão de plenário’. É um mundo muito diferente da arte”, afirmou.
Durante os 74 dias em que esteve no cargo, enfrentou dificuldades para montar sua equipe, já que muitos amigos e colegas recusaram o convite para trabalhar com ela. A sensação de isolamento marcou esse período: “Fiquei muito sozinha”, confessou.
Polêmicas na gestão e saída silenciosa
Entre as decisões mais controversas de sua curta gestão, destaca-se a liberação do funcionamento de circos em meio à pandemia de Covid-19. A medida foi amplamente criticada, mas Regina defende sua escolha com firmeza, explicando que os artistas circenses dependem da bilheteria diária para sobreviver. “Quando consegui liberar, senti que fiz algo bom. Pelo menos uma coisa eu consegui”, comentou.
Sua exoneração foi oficializada em junho de 2020, após semanas de especulações. Na época, foi anunciada para um cargo na Cinemateca Brasileira, mas a nomeação jamais se concretizou. Mesmo assim, Regina encara a experiência como um aprendizado e acredita ter feito o melhor que podia com os recursos e apoio limitados que teve.
Crítica aos remakes e à TV atual
Durante a conversa, Regina também expressou seu descontentamento com o atual movimento de remakes de novelas clássicas, considerando que essas releituras desrespeitam o elenco e a obra original. Para ela, “refazer algo que já foi um sucesso absoluto é como mexer numa obra-prima”. Ressaltou ainda que, com o avanço das plataformas de streaming, o público já tem fácil acesso às produções antigas, o que tornaria os remakes desnecessários.
Segundo a atriz, viver em um tempo em que as obras que protagonizou décadas atrás continuam disponíveis é um verdadeiro privilégio — e reforça a força do trabalho original, que, em sua visão, deve ser preservado.
Relacionamento com Bolsonaro e planos futuros
Ao ser questionada sobre sua relação com o ex-presidente, Regina não hesitou em reforçar sua admiração. Disse que sempre teve respeito por Bolsonaro e que continua admirando o ex-chefe de Estado, mesmo após os altos e baixos vividos durante sua gestão.
Sobre voltar à televisão, ela foi clara: só toparia retornar se fosse para atuar em uma obra de Manoel Carlos, autor com quem construiu personagens marcantes, como as Helenas de “Por Amor” e “História de Amor”. Em suas palavras, “Com Maneco eu faria qualquer coisa. Ele tem um entendimento do ser humano que é muito raro.”
Uma mulher que não teme o próprio legado
A entrevista apresentou ao público uma Regina Duarte consciente do peso de sua trajetória. Entre lembranças das novelas que marcaram gerações, frustrações políticas e opiniões firmes, ela reafirmou sua autenticidade. “Tenho uma história que me sustenta, não sou qualquer uma”, declarou, mostrando que, mesmo longe dos estúdios, continua sendo protagonista de debates relevantes.
Seja como atriz, cidadã ou figura pública, Regina Duarte segue fiel a seus princípios — e ainda movimenta os holofotes com a intensidade de quem fez história na ficção e na vida real.