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Lula liga para Trump e pede fim do tarifaço, e acaba ouvindo um n… Ler mais

Lula e Trump conversam por telefone e tentam reconstruir relações entre Brasil e EUA

Na última segunda-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conversaram por telefone por cerca de 30 minutos. O diálogo, descrito como cordial e produtivo, sinalizou o início de uma possível reaproximação entre os dois países, após meses de tensões diplomáticas. Ambos os líderes demonstraram interesse em realizar um encontro presencial em breve, embora o local ainda não tenha sido definido.

O telefonema marcou a primeira conversa direta entre Lula e Trump desde que o norte-americano retornou à presidência dos EUA em 2024.

Um apelo direto: fim do “tarifaço” e suspensão de sanções

Durante a ligação, Lula foi direto ao ponto: pediu o fim da sobretaxa de 40% imposta sobre produtos brasileiros — apelidada de “tarifaço” — e também a suspensão de sanções contra autoridades do governo brasileiro. O presidente brasileiro usou as redes sociais para reforçar o tom conciliador da conversa:

“Considero nosso contato direto como uma oportunidade para restaurar as relações amistosas de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente”, escreveu Lula.

Ele destacou ainda que o Brasil é um dos poucos países do G20 com os quais os Estados Unidos mantêm superávit na balança comercial, argumento que usou para mostrar o valor da parceria entre as duas nações.

Trump promete negociar e acena com diplomacia

De acordo com nota oficial do Palácio do Planalto, Trump teria respondido positivamente aos pedidos de Lula. Para dar continuidade às tratativas, designou o secretário de Estado, Marco Rubio, como responsável pelas negociações. O diálogo será feito diretamente com autoridades brasileiras como o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda Fernando Haddad e o chanceler Mauro Vieira.

O gesto foi interpretado por analistas como um sinal claro de que o governo norte-americano está disposto a, pelo menos, abrir espaço para um novo capítulo nas relações com o Brasil.

Bastidores: equilíbrio entre China e EUA

Fontes diplomáticas próximas ao Itamaraty afirmam que Lula tem se movimentado estrategicamente para manter o Brasil em equilíbrio entre seus dois maiores parceiros comerciais: Estados Unidos e China. A aproximação com Trump é vista como parte dessa estratégia, que busca evitar o isolamento econômico em meio a disputas comerciais globais.

A retirada de barreiras tarifárias é considerada prioritária pelo governo brasileiro para recuperar setores como o agronegócio, o aço e a indústria alimentícia — todos diretamente afetados pelas medidas de restrição impostas por Washington nos últimos anos.

Sanções a autoridades brasileiras também foram pauta

Além do comércio, outro tema delicado entrou na conversa: as sanções aplicadas pelos EUA a figuras-chave do governo Lula. Entre os atingidos estão o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes (e sua esposa), incluídos na lista da Lei Magnitsky — que pune estrangeiros acusados de corrupção e violações de direitos humanos —, além do advogado-geral da União, Jorge Messias, e do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Segundo o Planalto, Lula afirmou que essas sanções “não contribuem para o diálogo democrático” e pediu uma reavaliação por parte do governo norte-americano. O presidente brasileiro reforçou que o respeito institucional mútuo deve ser a base da relação entre as duas nações.

Linha direta entre presidentes

Um detalhe chamou a atenção dos bastidores diplomáticos: Lula e Trump trocaram contatos pessoais para manter uma “via direta de comunicação”. Essa prática, embora incomum entre chefes de Estado, foi vista como um gesto de aproximação genuína — ou, pelo menos, pragmática. A ideia é que eventuais ruídos diplomáticos possam ser tratados rapidamente, sem a necessidade de longas mediações formais.

Lula também aproveitou para sugerir dois encontros futuros: um durante a Cúpula da ASEAN, na Malásia, no final do mês, e outro na COP30, que acontecerá em Belém do Pará, em 2026. Trump teria demonstrado interesse em participar, embora não tenha confirmado presença.

Rumo a uma trégua diplomática?

Especialistas em relações internacionais afirmam que a conversa representa um ponto de virada nas relações entre Brasil e Estados Unidos, que vinham passando por um de seus momentos mais tensos desde a reeleição de Trump. Questões como mudanças climáticas, direitos humanos e tarifas comerciais criaram um ambiente de distanciamento entre os dois governos.

Agora, tanto Lula quanto Trump parecem dispostos a reconstruir pontes. Para Lula, o desafio será manter sua agenda progressista em áreas como meio ambiente e direitos sociais, sem comprometer o comércio com os EUA. Já para Trump, a missão é demonstrar que pode manter uma postura diplomática funcional com líderes que representam visões políticas distintas da sua.

Diálogo como ferramenta política

Entre disputas comerciais e diferenças ideológicas, o telefonema desta segunda-feira mostrou que o diálogo continua sendo uma ferramenta poderosa na política internacional. Ainda é cedo para prever os próximos passos, mas o gesto de ambos os presidentes em conversar e negociar, mesmo com tantos pontos de atrito, acende uma luz no horizonte diplomático.

E em tempos de polarização e tensão global, um telefonema pode ser o começo de algo maior — ou, pelo menos, o fim de uma fase conturbada entre dois importantes parceiros do Ocidente.

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